Sistema TEMPOCAMPO divulga boletim de maio

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As chuvas em maio de 2025 no Brasil apresentaram padrão irregular no território. A maior parte das chuvas continuaram concentradas na região Norte, registrando acumulados superiores a 240 mm na maior parte de seu território, com exceção apenas de Rondônia e Tocantins, onde o máximo, onde as chuvas acumuladas não ultrapassaram 60 mm. A região Nordeste apresentou chuvas distribuídas de forma irregular em grande parte dos estados da região, com altos volumes acumulados em Sergipe e Alagoas. Em contraste, a maioria das regiões Centro-Oeste e Sudeste apresentou volumes pluviométricos baixos, com valores acumulados inferiores a 30 mm. Na região Sul, o Rio Grande do Sul apresentou valores variáveis, entre 60 e 150 mm, enquanto Santa Catarina e Paraná registraram valores entre 30 e 120 mm.

A umidade do solo manteve-se elevado no extremo norte do país, com valores acima de 90% da capacidade de água disponível (CAD). Na região Norte, apenas os estados do Tocantins e Rondônia apresentaram valor abaixo de 45% na maior parte dos seus territórios. Na região Nordeste, houve grande variabilidade espacial de armazenamento de água no solo, com valores variando de 75% até menos de 15%. Destaca-se o estado do Piauí, onde a maior parte do território apresentou valores abaixo de 15%, indicando escassez hídrica severa. No Centro-Oeste e Sudeste, os valores permaneceram entre 15% e 45%. Já na região Sul, o Rio Grande do Sul e Santa Catarina apresentaram umidade entre 30% e 60%, e o Paraná entre 30% e 45%.

As temperaturas máximas em maio de 2025 foram elevadas em quase todo o país. As regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste destacaram-se com termômetros acima de 29°C, sendo que no Nordeste e Norte algumas áreas superaram 31°C. As regiões Sul e Sudeste, por outro, registraram máximas mais amenas, abaixo de 27°C. Grandes áreas de Minas Gerais e Paraná, e a totalidade de Santa Catarina e Rio Grande do Sul registraram máximas abaixo de 25°C.

Em relação às temperaturas mínimas, a maior parte das regiões Norte e Nordeste apresentaram valores entre 21°C e 23°C, com algumas áreas atingindo até 25°C. O Centro-Oeste e o estado da Bahia registraram médias mínimas entre 17°C e 21°C. Já a região Sudeste e o estado do Paraná tiveram mínimas abaixo de 17°C. Temperaturas mínimas abaixo de 15°C foram observadas em todo o território de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

TEMPO E AGRICULTURA BRASILEIRA

Soja

De acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra 2024/25 de soja no Brasil teve seus números de produção revisados positivamente em relação à estimativa anterior, atingindo 168,341 milhões de toneladas colhidas. Esse volume representa um incremento de 14% na produção e de 10,5% na produtividade em comparação ao ciclo 2023/24, configurando-se como a maior safra já registrada no país. As operações de colheita já abrangem 99,5% da área total cultivada, restando apenas os estados do Maranhão, Piauí, Santa Catarina e Rio Grande do Sul em fase final de colheita. O desempenho excepcional da safra foi impulsionado por estados como Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Mato Grosso, Bahia, Rondônia e Tocantins, que concluíram a colheita e obtiveram produtividades recordes dentro da série histórica.

No estado de Mato Grosso, o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (IMEA/MT) consolidou os dados da safra 2024/25, indicando um aumento de 3,47% na área cultivada em comparação ao ciclo anterior, com destaque para as regiões Norte e Nordeste do estado. A produtividade média apresentou incremento de 27,1 p.p. (pontos percentuais) em relação à safra passada, reflexo das condições climáticas favoráveis durante o ciclo da cultura, com chuvas bem distribuídas que favoreceram o desenvolvimento das lavouras.

Por sua vez, no Mato Grosso do Sul há expectativa de que os resultados sejam negativamente impactados por adversidades climáticas, especialmente pela significativa redução das precipitações entre dezembro de 2024 e janeiro de 2025, período crítico para o enchimento de grãos.

Em Santa Catarina, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (Epagri/SC) revisou positivamente a projeção da produtividade média estadual, elevando-a para 17%, ante os 15,8% da estimativa anterior, o que resultou em uma elevação de 19,5 p.p. na produção total da primeira safra. Apesar das chuvas irregulares no início de 2025, a produtividade catarinense alcançou o maior valor já registrado na série histórica da instituição.

No Rio Grande do Sul, a colheita alcançou 99% da área cultivada, com produtividade média estimada em 1.957 kg/ha, o que representa uma retração de 38,43% em relação ao ciclo anterior, segundo a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater/RS). A região Centro-Oeste do estado se destaca como uma das mais afetadas, apresentando não apenas baixa produtividade, mas também perdas qualitativas nos grãos colhidos, que resultaram em descontos comerciais e dificuldades na reserva de sementes para o próximo ciclo, devido ao estresse fisiológico sofrido pelas plantas. Muitas áreas colhidas encontram-se atualmente em pousio, o que aumenta a suscetibilidade à erosão e compromete a conservação do solo, enquanto os produtores aguardam o momento adequado para a implantação dos cultivos de inverno.

No Oeste da Bahia, o avanço final da colheita foi prejudicado pela ocorrência localizada de chuvas, que elevaram os níveis de umidade dos grãos além dos padrões ideais, afetando a eficiência operacional e o rendimento das colhedoras. Ainda assim, conforme informações da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), a produção foi consolidada em 8,710 milhões de toneladas, o que representa um incremento de 16,4 pontos percentuais em relação à safra anterior.

Milho 2ª safra

A colheita da segunda safra de milho se iniciou em ritmo lento em alguns dos principais estados produtores. A maior parte das lavouras se encontra em enchimento de grãos e apresenta boas condições, com bom potencial produtivo.

No Mato Grosso a colheita se iniciou em áreas pontuais irrigadas, atingindo 0,31% da área total no final do mês de maio, de acordo com o IMEA. Esse valor é 1,63 p.p. abaixo do registrado na safra anterior, mas o atraso não deve comprometer o potencial da colheita no estado. Devido a boa distribuição de chuvas até meados de maio, as projeções de produção permanecem otimistas, com aumento de 3,63% com relação à produção da safra 2023/24. A colheita deve acelerar a partir do mês de junho, considerando a maturação das lavouras e a tendência de redução no volume de chuvas a partir da última semana de maio.

Já no Mato Grosso do Sul, segundo a Aprosoja/MS, 79,6% das lavouras se encontram em boas condições fitossanitárias. As lavouras em boas condições da região Sul do estado, que no final do mês de abril representavam apenas 35% do total, agora representam 53% das áreas, favorecidas pelas condições climáticas favoráveis que ocorreram na virada do mês de abril para maio. A maior parte das áreas se encontra em enchimento de grãos e maturação, e a colheita deve se iniciar em junho, favorecida pela tendência de baixo volume de chuvas observada no final do mês de maio.

Segundo o Deral/PR, a colheita do milho no Paraná teve início na segunda quinzena de maio, alcançando cerca de 1% das áreas cultivadas. O ritmo está lento, cerca de 1 p.p. abaixo do registrado na safra anterior, e a expectativa é de que esse atraso persista em função do alongamento do ciclo da cultura, reflexo da combinação de dias mais curtos e temperaturas mais baixas. As perdas por déficit hídrico registradas no mês de abril se consolidaram com o início da colheita em maio, especialmente em municípios do norte do estado. Apesar disso, a perspectiva de uma boa safra permanece, considerando as boas condições das lavouras na maior parte das áreas que se encontram na fase de maturação.

Feijão 2ª e 3ª safras

No Paraná, segundo o Deral/PR, as operações de colheita do feijão 2ª safra se intensificaram nas últimas semanas de maio, atingindo 22% da área plantada, com grandes variações de produtividade registradas, resultado da falta de chuvas em algumas regiões produtoras, mantendo-se a tendência de uma produção final abaixo das expectativas.

Segundo a Epagri/SC, até a primeira semana de maio, aproximadamente 23% da área plantada de feijão 2ª safra foi colhida, com 80% das lavouras em campo apresentando boas condições, com maior parte no estágio de maturação. A rápida queda nas temperaturas noturnas prejudicou o desenvolvimento das plantas, provocando abortamento de flores e fortalecendo a expectativa de redução na produção de quase 10% em relação à safra anterior.

Já no Rio Grande do Sul, segundo a Emater/RS, as condições climáticas favoreceram as operações de colheita da 2ª safra, que alcançaram 55% da cultivada no final de maio. O déficit hídrico registrado em algumas áreas prejudicou o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo das plantas, resultando em menor porte e abortamento floral, o que deve provocar redução na produtividade final.

Adicionalmente, segundo a Conab, a semeadura do feijão 3ª safra já se iniciou em alguns dos estados produtores, com perspectivas otimistas de aumento de área destinada à cultura.

Algodão

De acordo com os dados da Conab, a colheita do algodão inicia-se de forma incipiente, representando cerca de 0,4% da área total destinada ao seu cultivo até o terceiro decêndio de maio.

No estado do Mato Grosso, as condições climáticas permanecem favoráveis ao desenvolvimento das lavouras, tanto nas áreas em formação de maçãs quanto naquelas em fase de maturação. As plantas apresentam desenvolvimento vegetativo satisfatório, com estruturas reprodutivas inferiores bem formadas. De acordo com o Imea/MT, a colheita no estado está prevista para iniciar na segunda quinzena de junho. A boa evolução das lavouras tem sido favorecida pelas condições climáticas, especialmente nas áreas de segunda safra. Contudo, nas últimas semanas do mês, a ocorrência de chuvas isoladas propiciou um ambiente favorável ao surgimento de pragas, como mosca-branca (Bemisia tabaci) e lagartas do gênero Spodoptera, que têm comprometido o baixeiro das plantas. Apesar disso, os tratos culturais e o manejo fitossanitário seguem sendo realizados de forma adequada.

No Maranhão, o clima também se apresenta favorável. As lavouras de primeira safra encontram-se em transição do estágio de formação de maçãs para a maturação, com o surgimento dos primeiros capulhos. Já as lavouras da segunda safra estão predominantemente na fase de formação de maçãs.

Em Goiás, as lavouras de segunda safra, predominantemente irrigadas, encontram-se na fase final de floração, enquanto as lavouras de verão estão na fase inicial de abertura de capulhos. Na porção sul do estado, observa-se o avanço da dessecação das plantas e o início das operações de colheita.

No Mato Grosso do Sul, na porção norte do estado, as condições climáticas têm favorecido o desenvolvimento final das lavouras. As primeiras áreas semeadas já se encontram na fase de enchimento de maçãs, enquanto, no nordeste do estado, inicia-se o período de desfolha das plantas, etapa preparatória para a colheita.

Na Bahia, os trabalhos de colheita já foram iniciados. Observa-se, entretanto, uma carga de plumas inferior à esperada inicialmente. A área plantada com algodão na safra 2024/25 no estado registrou um aumento de 20% em relação ao ciclo anterior, o que pode resultar em incremento na produção, a depender das condições nas fases finais do ciclo.

Trigo

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o momento, aproximadamente 30,6% da área total estimada para o cultivo de trigo no Brasil já foi semeada na safra de 2024.

No Rio Grande do Sul, as precipitações registradas no segundo decêndio do mês favoreceram a realização do manejo pré-semeadura, com ênfase no controle de plantas daninhas, especialmente em áreas anteriormente cultivadas com soja. Destaca-se a aplicação intensiva de herbicidas como estratégia fitossanitária preventiva. No entanto, segundo informações da Emater/RS, observa-se uma tendência de retração na área destinada ao cultivo do cereal no estado, possivelmente influenciada por fatores econômicos e climáticos.

No Paraná, as lavouras encontram-se em boas condições, com destaque para os estágios iniciais de desenvolvimento. De acordo com o Deral, cerca de 63% da área estimada já foi semeada. Dentre as lavouras implantadas, 22% estão em fase de germinação e 78% em desenvolvimento vegetativo, com bom estabelecimento inicial.

Em Goiás, as lavouras de trigo apresentam heterogeneidade fenológica, com áreas em diferentes fases de desenvolvimento, variando de perfilhamento ao enchimento de grãos. As chuvas ocorridas no segundo decêndio do mês beneficiaram, em especial, as lavouras em regime de sequeiro, promovendo bom desenvolvimento. Nas áreas irrigadas, a semeadura ainda está em andamento, com previsão de finalização até o fim do mês de maio.

No Mato Grosso do Sul, as quedas nas temperaturas noturnas observadas recentemente favoreceram o perfilhamento das lavouras já implantadas, além de permitirem a continuidade do processo de semeadura, criando condições adequadas para a emergência e o desenvolvimento inicial das plantas.

Cana-de-açúcar

Com a divulgação da estimativa final da safra 2024/25 de cana-de-açúcar pela Conab, as atenções se voltam agora para as projeções da safra 2025/26. A ocorrência de adversidades climáticas ao longo da safra 2024/25, somada aos focos de incêndio registrados nos canaviais durante os meses de agosto e setembro de 2024, resultou em diminuição da qualidade da matéria-prima processada, impacto esse já refletido nos números consolidados da safra.

Diante desse cenário, acendem-se alertas quanto ao desempenho esperado para o próximo ciclo produtivo. Os efeitos residuais desses eventos extremos podem comprometer o desenvolvimento vegetativo das plantas, reduzir a área efetivamente colhida e elevar a idade média dos canaviais, fatores que tendem a impactar negativamente a produtividade agrícola.

Nesse contexto, a mais recente projeção da consultoria StoneX para a safra 2025/26 indica uma retração de 2,1% na moagem de cana-de-açúcar em comparação com a safra anterior. Tal redução decorre, em grande parte, da expectativa de diminuição da área plantada, devido às perdas causadas pelos incêndios de 2024, que afetaram principalmente canaviais em estágio de rebrota, comprometendo a colheita do ciclo seguinte. Além disso, projeta-se uma menor participação de áreas de cana bisada, que são áreas colhidas fora do ciclo ideal, o que reforça a tendência de diminuição na produção estimada.

Nesse contexto, o Sistema Tempocampo projeta uma produção de 597,617 milhões de toneladas, com produtividade média estimada em 77,256 toneladas por hectare para a safra 2025/26 de cana-de-açúcar, abrangendo os estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná e São Paulo.

O sistema também estima o coeficiente de produtividade climática, definido como a razão entre a produtividade da safra corrente e a produtividade da safra anterior, que serve como indicador do impacto das condições meteorológicas no rendimento agrícola. Para os estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás, Paraná e Mato Grosso do Sul, esse coeficiente varia entre 0,95 e 1,05, sugerindo condições climáticas relativamente estáveis. Já para o estado de Mato Grosso, o indicador varia entre 1,00 e 1,10, sinalizando uma possível melhora nas condições climáticas em relação ao ciclo anterior (Figura 2).

Figura 2. Coeficiente de Produtividade Climática para a safra 2025/26 de cana-de-açúcar estimado pelo Sistema Tempocampo. Última atualização do mapa foi realizada dia 24/05/2025.

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