Notícia

  • Entre dribles e chuteiras


Enviado em: 13/05/2014 às 13:05:46

O cenário, Itaquerão! O evento, Copa do Mundo de Futebol! Por lá, performances artísticas e esportivas darão o ponta pé inicial deste acontecimento tão aguardado pelas nações envolvidas e pelos povos de todos os cantos do planeta. Gols de placa, de bicicleta, de cabeça, de trivela, de pênalti, olímpico, de voleio, de cobertura e outras demonstrações de destreza e habilidades físicas fazem parte desse espetáculo que se desenha e que irá entreter multidões entre 12 de junho a 13 de julho de 2014. É no Brasil! 

Pois bem, a Arena São Paulo ou Itaquerão, como já referida de início, será palco da cerimônia de abertura, de quatro jogos da primeira fase, um das oitavas e um da semifinal. Nesse ponta pé inicial encontra-se, também, a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/ESALQ), uma vez que foi no Laboratório de Análise Química do Solo (LAQS), do Departamento de Ciência do Solo (LSO), que foi realizada a análise de solo daquele estádio de futebol. Daquele e de mais outras três das 12 arenas que receberão os times do certame – Arena Pantanal (Cuiabá), Estádio Beira-Rio (Porto Alegre) e Estádio das Dunas (Natal). Em síntese, foi de responsabilidade da ESALQ a análise de solo de 33% dos estádios da Copa do Mundo.

Há alguns meses, a ESALQ foi procurada por uma empresa que constrói e mantêm gramados esportivos. O engenheiro agrônomo e gerente de operações da corporação, André Amaral, que já vem trabalhando com a ESALQ há alguns anos, agora enviou amostras de solos das quatro arenas em questão para serem analisadas. Ele afirma que pelo fato de ter sido aluno da ESALQ, conhece toda a estrutura da Escola e a excelência do LAQS. “Este é um resultado que usaremos para analisar todos os parâmetros da fertilidade do solo do campo. Como se trata de gramado esportivo faz-se necessário que essa grama se recupere com extrema rapidez, que a fertilidade do solo esteja bem equilibrada com todos os macro e micronutrientes na proporção exata para que o gramado possa responder à agressão que sofre a cada jogo”, destacou o engenheiro.

De acordo com Luís Reynaldo Ferraciú Alleoni, coordenador do projeto de extensão que faz análise de solo na ESALQ, foi uma surpresa quando viu no cadastro do laboratório nomes de clientes como, por exemplo, Beira-Rio. Logo associou que tinha alguma coisa a ver com campo de futebol. O professor explicou que o LAQS realiza cerca de 30 mil análises por ano para produtores rurais, foco principal do serviço. Análises para produção agrícola de alimentos, fibras, madeiras. “Foi interessante quando vimos análise de solo para gramados de futebol ligados com a Copa do Mundo.  Já realizamos análises para estádios como o Barão de Serra Negra aqui de Piracicaba (SP), o Centro de Treinamento do Palmeiras (SP), o Pacaembu (SP) e outros. E quando fomos ver o cliente, constatamos que se tratava de um ex-aluno da ESALQ”, lembrou Alleoni.

O docente explicou que o gramado é uma cultura como outra qualquer e que assim como fazemos exames médicos para tomarmos remédio, é fundamental saber o quanto o solo necessita de nutrientes para a planta crescer. “As características de um gramado para campo de futebol são bem específicas. Nós avaliamos quais são os nutrientes e em que quantidade eles estão presentes no solo para ver se o gramado está em condições perfeitas. É preciso que o solo drene muito rapidamente para uma rápida brotação e para que a grama aguente o pisoteio constante dos atletas. No caso de campos de futebol é importante que os primeiros centímetros do solo sejam de constituição arenosa para que a água se escoe ligeiramente e não se acumule. Isso é fundamental para a bola correr livremente”, explicou o professor.

Alleoni explicou, ainda, que a grama utilizada na Arena Pantanal tem característica de suportar o clima de Cuiabá que é muito quente e muito úmido, diferente do Estádio das Dunas (Natal) que é uma região litorânea e que, por sua vez, é completamente distinta do Estádio Beira-Rio (Porto Alegre). “Na época da Copa do Mundo (junho/julho) provavelmente esteja frio e todas essas características tem que ser lembradas na hora de escolher o gramado que vai ser colocado em cima daquele solo”, concluiu o coordenador.

O laboratório de análise de solos

O LAQS pertence ao Departamento de Ciência do Solo (LSO) e atua, há mais de 30 anos, realizando análises para fins de classificação e de avaliação da fertilidade do solo. Realiza, anualmente, cerca de 30 mil análises de solos de todo o Brasil e, em março de 2012, o LAQS recebeu a acreditação pelo Inmetro na NBR ISO 17025 referente a ensaios de laboratórios de análises. A partir deste reconhecimento, o laboratório consta na lista de laboratórios acreditados para realização das análises químicas citadas acima. Com isso, passa a ser o único laboratório brasileiro acreditado para realização de análise de solo que contempla simultaneamente ensaios de avaliação da fertilidade e para fins de classificação do solo. Luís Reynaldo Ferracciú Alleoni, docente do LSO, coordena o LAQS. Entre em contato pelo telefone (19) 3417.2111/2117/2159 ou pelo e-mail: lso.lab@usp.br.

Para saber mais sobre o laboratório clique aqui.

Texto e concepção artística de imagem: Alicia Nascimento Aguiar (09.05.2014)

 

 

ESALQ é responsável pela análise de solo de quatro arenas que sediarão a Copa do Mundo de Futebol
Crédito: Gerhard Waller (Acom/ESALQ)